domingo, 26 de setembro de 2010

Evitando o "Culto" Circuito - Por Mario Mammana

Fiz bem em aceitar a um gentilíssimo convite do meu amigo Alexandre Cantinho, por acaso o dono deste blog bacanérrimo, e vou dar aqui os meus pitacos sobre um tema que gira em torno daquilo que dá prazer aos sentidos humanos (todos os sete), ou quiçá, algumas vezes em que o mau humor vencer, descendo a lenha sem dó naquilo que mais nos enerva. O assunto, não poderia deixar de ser, é a praia do paulistano: Sua Excelência o Boteco e tudo o que gira em torno dele (tirando a nossa cabeça)!

Sabadão desses, bateu a habitual vontade de beber boa cerveja e comer uma comidinha de boteco honesta, como ocorre a qualquer cidadão de bem, dia sim e o outro também. OK, para mim é simples. Moro no coração da Vila Madalena e se tropicar na porta de casa caio dentro de um boteco, com a cerva geladaça já na mesa, só me esperando. Mas depois de séculos de Vila, achei de bom alvitre evitá-la um pouco, já que hoje virou habitat natural de, para ser polido, “amadores da noite” (completamente diferente de “amantes” da noite!). Para tanto eu sabia que deveria fazer algo que detesto, ou seja, sair de carro no sábado à noite, mas a vontade de inovar venceu a ogeriza das vias públicas motorizadas. Liguei para meu amigo profissional de boteco, Eduardo Rodrigues (dono do site “Tulípio” e escrevinhador de primeira), passei na casa dele na Lapa e, patroas a tiracolo, rumamos para o belo e prazenteiro logradouro da Freguesia do Ó, por sugestão de outro amigo querido, Rogério dos Santos, cantor e compositor de estirpe, que mora naquelas paragens.

O Largo do Ó, com pequenas e invisíveis variações, parece que parou em 1963. Continua igualzinho. Pelo menos para mim que não ia para aquelas bandas há muitos anos. Destino inicial: matar a fome na antiquiquíssima Pizzaria do Bruno, bem ao ladinho do Largo da Matriz. Escolhemos uma mesa ao ar livre no amplo terraço da frente, que é muito mais legal (para fumantes e não fumantes). Basta dizer que o serviço da Pizzaria é desastroso, com garçons septuagenários, que não querem nada com nada, mas isso dá o charme ao lugar. E a pizza??? Ah, a pizza! É sensacional. Massa fininha, crocante (dizem que é frita) e recheios de babar.

Fome devidamente assassinada, o bom é explorar os evidentes recursos das redondezas. Deixamos o carro estacionado, bonitinho, e fomos a pé ao Largo da Matriz onde acontece uma permanente “quermesse”!!! (há quantos anos vocês não viam essa palavra?). Ainda havia espaço para umas fogazzas, uns bolinhos e um yakissoba sem camarão vendidos nas barraquinhas. Até ganhei um urso de pelúcia na barraca da pesca, imediatamente confiscado pela patroa!

Para arrematar a noite, nada melhor do que degustar as cervejas importadas do Frangó, no outro lado da praça. Alguma dificuldade para se conseguir mesa, mas nada assustador para um paulistano experiente e ciente dos prazeres que se escondem nas prateleiras daquela casa centenária. Além da melhor coxinha com catupiry da cidade, o Frangó tem roteiros de cerveja por país e por região de fabricação. O cardápio das cervejas mais parece um guia turístico. Não é barato, mas vale cada centavo. Começamos a viagem pelas cervejas fortes e escuras da Irlanda e da Inglaterra. Passamos pela Alemanha, pela Bélgica e quando eu já estava carimbando o passaporte para a República Tcheca e a Bielorrússia minha mulher achou que era hora de partir e eu, que não sou trouxa, concordei!

Fica a dica de um antigo botequeiro para quem gosta de aventuras mais exóticas e de sair da mesmice da cerveja Original e da picanha na chapa dos falsos botecos antigos!

4 comentários:

  1. Grande Mário..
    Rapaz... estou orgulhosíssimo em ser citado nessa tua postagem de estréia, igualmente em ter meu bairro visitado e relatado e irritadíssimo por vc não ter me convidado !!! kkkkk
    Agora não tem mais desculpa... na próxima, tá intimado em me convidar...
    Faz um mês que mudei aqui dentro do próprio bairro, e agora vejo a calçadinha do Frangó da janela de casa. Dá pra subir andando e voltar "rolando"... hehehe

    Complementando rapidamente, aqui no Largo da Matriz ainda temos a Cantina Ciccarino, que tem um excelente Filé à Parmegiana e uma excelente Feijoada. Tem o Empório Nordestino vizinho ao Frangó, tem o Alemão e tem um simpático restaurante japonês chamado Kintau (que parte das mesas ao ar livre num simpático quintalzinho). Também tem o Gutha, que tem cara de bar da Vila Madalena, ainda sem análise, pq não fui.

    Bem, é isso.
    Parabéns pela coluna e parabéns ao blog.

    Abraços, Rogerio

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  2. Rapaz, você poderia sair do circuito Original/picanha na chapa indo no Empório Alto Pinheiros: fica perto do coração da Vila Madalena e tem uma variedade de cervejas capaz de competir com aquela do Frangó.

    Abraço,

    MP

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  3. Obrigado pela dica MP!
    Vou conferir!
    Abraço.
    Mário.

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  4. Fala Vininha,
    aqui é a sua "perseguidora".
    Deve ser divino mesmo, sua descoberta.
    Tenho um defeito para notívagos que vc vai achar imperdoável... não gosto de cerveja!!!
    Adoro uma boa cachaça, rabo de galo amo de paixão, um bom cognaque, vinho tinto seco, um ótimo champagne (veuve, a preferida). Sou apaixonada por uma Macieira. Não é por virtude mas, cerveja e uisque não consigo gostar. O que vc escreveu a respeito dos "novos virtuoses" do vinho...bato muitas palmas. E mesmo não gostando de cerveja um dia Sergio queria tomar uma na casa que frequentamos todos juntos e ouvi "aqui não entra cerveja". Preocupou muito mas já está curado. Eu não gosto mas aqui toma-se muito. Só lamento não tomar rabo de galo,não tem em qualquer bar e boteco, é muito bom, adoro,mas não tenho frequentado. Se vc souber fazer, faz um prá mim?
    Já virou conversa de " cumadre" Bjs parabéns
    Sylvia

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