domingo, 13 de fevereiro de 2011

Quem Tem ... Tem - Por Mario Mammana

Se retirarmos a letra ó da palavra borogodó, não fica nada. Pelo menos nada compreensível (brgd!). Então, borogodó quer dizer “tudo“! Os dicionários dão conta de que borogodó significa charme pessoal, irresistível poder de atração. Já a expressão “Ó do Borogodó” é dúbia e de surgimento pouco claro. Pode significar algo muito bom, ou muito ruim, brega, micado.

No caso do bar Ó do Borogodó (Rua Horácio Lane, 21) certamente significa algo sensacional porque, além de ter “borogodó” de sobra, é considerado por muitos e pela imprensa o melhor bar de música ao vivo de São Paulo! Isso não é pouca coisa!

O borogodó do “Ó” está justamente nos músicos sensacionais que lá se apresentam. Alguns desconhecidos do grande público. Outros já começando a alçar vôo neste céu nublado da música brasileira atual. Mas todos certamente excelentes! Apenas para dar um rápido panorama do que isso significa (programação evidentemente sujeita a alterações), aos domingos se apresenta a Banda Pau d'Água (que traz duas lendas da música paulistana entre seus integrantes: Luisinho 7 Cordas e o cantor Borba). Às segundas, a deliciosa Gafieira Nacional, comandada por Fernando Szegeri. Às terças, samba com Giana Viscardi e choro com o Grupo Choro Rasgado. Às quartas, samba com D. Inah e choro com grupo Cadeira de Balanço. Às quintas, samba com Juliana Amaral, e de lambuja, mais choro com o excelente Grupo Ó do Borogodó.

Na sexta a programação da casa é variada. É a noite dos shows. A primeira sexta de todos os meses traz a cantora Ione Papas. Na segunda sexta do mês apresentação da cantora Carmen Queiroz, sempre acompanhada por Zé Barbeiro (violão de 7), Ferrugem (cavaquinho), João Poleto (sax e flauta), Gersinho (surdo) e Roberta Valente (pandeiro e que sem saber colaborou com este texto uma vez que copiei dela essa programação).

Aos sábados, o grupo de choro Cochichando (Paulo Ramos no 7 cordas, João Poleto no sax/flauta, André Hossoi no bandolim, Ricardo Valverde no pandeiro e Ildo Silva no cavaco) e ainda a cantora Anaí Rosa. Sábados à tarde: deliciosa feijoada e roda de samba com o animado Inimigos do Batente. Além disso, de vez em quando ainda aparecem as cantoras Fabiana Cozza e Karina Ninni, as quais dispensam apresentação.

É o suficiente? Está bom para você?

O ambiente do bar é extremamente simples e despojado. Ninguém se importa com isso. Mas sempre existe a central dos chatos plantonistas que brada contra a temperatura da cerveja ou contra a sujeira nos banheiros. Sinceramente? Quem vai lá para ir ao banheiro?!
O bar dá frente para o muro lateral do cemitério São Paulo e os habitantes de lá certamente não reclamam do barulho (se reclamarem as coisas vão ficar realmente preocupantes) mas a vizinhança vivente (não dá nem para saber de onde) já reclamou. Por isso, foram obrigados a envidraçar o bar e isso tirou um pouco da espontaneidade além de transformar a entrada num aquário, mas o que fazer?!

Aliás, nos primórdios do bar, os donos projetavam filmes de terror em branco e preto na parede do cemitério. Estou pra ver idéia mais sensacional do que esta. Pena que as sessões de cinema não acontecem mais. Ver Bela Lugosi, Boris Karloff e Vincent Price no muro de um cemitério é uma visão inesquecível!

De uma maneira geral, é um público extremamente jovem o que lota a casa todos os dias, mas eu já paguei de “tiozinho” várias vezes e não fui molestado e nem mandado para o vizinho em frente antes da hora. E fica um alerta importante: a moçada fica de pé e dança a noite inteira. O escritor Bernard Shaw já dizia que “a dança é uma expressão perpendicular de um desejo horizontal” e, convenhamos, isso é muito bom!

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