domingo, 6 de março de 2011

Carnaval e Sossego - por Mario Mammana

Diz o escritor Júlio Camargo que “o carnaval é uma amostra, na terra, de como será o inferno no céu”. Abstraindo a incoerência “inferno no céu”, eu acrescentaria: “principalmente se você for descer para o litoral”.

É contra os meus princípios religiosos viajar num feriado. Principalmente neste! O reinado de Momo, que dura apenas três dias (exceção feita ao Estado da Bahia onde dura 359, incluindo a quarta-feira de cinzas) costuma embaralhar um pouco as idéias do cidadão. Normal e historicamente é uma festa onde todos os excessos são permitidos, onde se pode ver o seu contador, um sujeito caretíssimo o ano inteiro, saindo na bateria da Unidos do Peruche e rasgando a fantasia. Nada me dá mais alívio do que poder corajosamente afirmar: Eu já passei dessa fase! Não ligo mais para o carnaval (ou o carnaval não liga mais pra mim?!). Prefiro permanecer anônimo na Paulicéia que nessas ocasiões vira um deserto. Afinal de contas mais de 2 milhões de pessoas viajam. Ficam apenas 14 milhões na cidade.

Mas ficar em São Paulo não precisa significar também um retiro espiritual. Longe disso. Os bares abrem, festas acontecem, churrascos na laje, etc. etc.....

Eu, por exemplo, gosto de ir a lugares que normalmente ficam lotados. Além disso, como já é do conhecimento de meus poucos e fiéis leitores, adoro uma boa cerveja e, porque não, um bom chope.

Pense em ir a um bar onde não vai há muitos anos. Eu pensei no meu: Joan Sehn! (Avenida Lavandisca, 765, Moema).

É tida como a mais antiga choperia da cidade (inaugurada em 1937 pelo austríaco de mesmo nome), o que já é um indício de qualidade. Não estamos tratando com amadores.

O chope, claro e escuro, da Brahma, se não é o melhor da cidade é o mais tradicional, talvez.

Os pratos alemães dão bem pro gasto e as tábuas de queijos e frios (caras por sinal) são muito boas. Os canapés também são bacanas.

Tenho, em minha memória afetiva, lembranças deste bar desde a minha infância. Não que eu fosse lá para beber (só comecei no chope aos 9 anos) mas meus pais iam, com muitos e ruidosos amigos. E me levavam a tiracolo.

Quando se é criança, tem-se a impressão de que os ambientes são muito maiores e é comum acharmos um lugar pequeno demais quando voltamos depois de adultos. Não é o caso do Joan Sehn. Eu achava aquele lugar enorme, quando criança. Mas hoje verifico que é grande mesmo! Um amplo salão acomoda mais de 450 pessoas!

O serviço é bom e simpático, mas pode-se notar que alguns garçons estão lá desde a inauguração. Tudo bem. É só gritar o pedido.

Posso estar redondamente enganado, mas tenho para mim que é um lugar que não ficará às moscas durante o carnaval principalmente porque os freqüentadores habituais, assim como eu, já passaram da idade de “brincar o carnaval” (que expressão lúdica!). Mesmo assim, acho que será um ambiente dos mais tranqüilos e simpáticos.

Vou tentar convencer a patroa e alguns poucos e fiéis amigos que partilham do meu horror a folia a dar um pulinho lá e beber algumas poucas tulipas desse líquido tão precioso. Afinal de contas, diz o oráculo dos bons bebuns que “O primeiro chope é bom para a saúde; o segundo é bom para o prazer; o terceiro é bom para a vergonha e o quarto é bom para a loucura."

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