domingo, 27 de março de 2011

Magro de Ruindade ? - Por Mario Mammana

O genial Nelson Rodrigues disse que “todo canalha é magro”. O que nem de perto significa que todo magro seja canalha! Pelo contrário. Conheço vários magros (e gordos também) que são a fina flor da gentileza e da honestidade. Eu mesmo já mereci a alcunha de “Magrão”, há 25 quilos atrás.

Tirando o ex-jogador Sócrates, conheço outro Magrão que também é gente “finíssima”. Seu nome é Luiz Antonio Sampaio e ele é dono do excelente “Bar do Magrão” (Rua Agostinho Gomes, 2.988). Quem disse que não existem bons bares no Ipiranga?!

Para começo de conversa é um boteco de esquina, o que já o habilita a entrar no seleto mundo dos autênticos. Pelo menos os autênticos de esquina. A decoração é caoticamente perfeita e não foi idealizada por nenhum “arquiteto de interiores” mas pelo próprio dono. Mais um ponto. Nas paredes relógios antigos convivem com luvas de boxe, sapatos de palhaço e guitarras. São aqueles cacarecos que todos temos em casa e que os clientes foram levando pouco a pouco para presentear o bar. Pode soar estranho mas dá um clima único ao bar e não importa que o ambiente seja escuro e pequeno (é até melhor assim), o bar tem clima!

Como sói acontecer com os bares de minha preferência, existem no cardápio mais de setenta rótulos de cerveja, nacionais e importadas. Isso é bom.

A comida merece um capítulo separado. Isso porque espertamente (esperteza boa, que fique bem claro), o dono percebeu que tinha público para abrir uma cantina ao lado do bar. Foi o que ele fez! E quando eu digo ao lado quero dizer parede meia. Tanto que o bar tem passagem interna para a cantina e, obviamente, vice-versa. É a Cantina do Magrão que já foi descrita como um lugar para NÃO levar seu tio rico nem impressionar uma namorada. É, pelo contrário, uma daquelas espeluncas de filmes de Máfia (como na cena do restaurante em O Poderoso Chefão I), com decoração também sui generis (não espere bandeirolas da Itália e nem falsos varais com roupa estendida) onde se come pasta e carne decente, se bebe barato e se pode ficar quieto na penumbra. Os pratos tem, como não poderia deixar de ser, acento cantineiro, com destaque para o molho de calabresa.

Exceção feita a algum ou outro deslize da casa, eu reputo como um programão bem bacana para um sábado a noite: Comer uma boa massa na Cantina e depois se acabar de cerveja no bar contíguo, e, mesmo que a ordem dos tratores não altere o viaduto é sempre recomendável encher a lata de bucho cheio!

E nunca esqueça de que, provavelmente, você mora longe de lá (é o meu caso) e, provavelmente, vai ter de voltar dirigindo o seu possante, driblando a plêiade de comandos e radares espalhados na cidade só para tirar a sua alegria de viver e relembrar que todo prazer tem um preço!

No mais, se não for o caso descrito acima, beba à vontade, mesmo porque o escritor inglês Thomas Love Peacock já disse que “Há duas razões para beber: a primeira quando estamos com sede, é curá-la; a segunda é quando não estamos com sede, é preveni-la....a prevenção é melhor que a cura”!

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