domingo, 24 de abril de 2011

Posto Isso.... - por Mario Mammana

Copacabana ainda tem sereias sempre sorrindo? Ainda é cheia de luz? Ainda é a princesinha do mar? Quem já ouviu a imortal canção de João de Barro, na voz maviosa de Dick Farney acha que sim. Pelo menos uma das várias músicas feitas em sua homenagem é lindíssima. Mas talvez a praia em si não seja mais digna do epíteto. Por outro lado, o pequeno trecho final de Copacabana veio, num passe de mágica, parar numa esquina da Paulicéia. Mais precisamente na esquina das Ruas Aspicuelta com Mourato Coelho, na “baixa” Vila Madalena, como querem alguns. Posto isso, estou falando do “Posto 6” (Rua Aspicuelta, 644), um boteco já amplamente premiado e que tem nome de um pedacinho da famosa e extensa praia. Ao lado de Malibu, Waikiki e da vizinha Ipanema, certamente a praia mais famosa do mundo!

Sim, o Posto 6 é um daqueles botecos cariocas importados mas, junto ao Pirajá (já tratado nesta coluna), é um dos melhores! Nada que já não seja do amplo conhecimento de todos, ou de alguns, mas é um boteco extremamente simpático e bem situado.

Já na decoração é possível, aos desavisados, perceber o que o Posto 6 pretende. Uma camisa do Flamengo assinada pelo Galinho de Quintino, objetos antigos, capas de discos clássicos da MPB, caricaturas de ilustres bebedores brasileiros e um acervo inédito de fotos do Jornal do Brasil, arrematado por um dos sócios do bar que é jornalista. Numa dessas fotos, Chico Buarque, Vinícius de Moraes e Nélson Motta num balcão de boteco, habitat natural dos citados. Noutra, uma escultural Leila Diniz saindo do mar de biquíni. Ou o momento mágico de um drible desconcertante de Mané Garrincha sobre um “joão” qualquer, lateral do Vasco da Gama. As fotos já valem a visita.

O chopp, Brahma ou Devassa, é muito bem tirado. Mas ainda tem clube do Whisky, cachaças artesanais, uma carta de caipirinhas, inclusive de saquê e os drinques clássicos variados, para os mais ecléticos. Os tiragostos são de dar gosto. Bolinho de arroz, coxinha de galeto, temakis, carne seca desfiada com mandioca, isca de peixe crocante, croquetes de carne, lula a dorê e grelhada, shimeji no alumínio......e os pratos também são excelentes. As chapas de boteco principalmente. A pequena dá pra duas pessoas. A grande pra quatro! Picanha, calabresa, mista, uma festa! E ainda tem a “chapa do mar”, com peixes, legumes, camarões, lulas e polvo. Sensacional! Acrescente-se a isso alguns escondidinhos variados, sandubas, pizzas e saladas. É para todos os gostos e tudo bem feito.

Mas eu acho que o verdadeiro atrativo do boteco está do lado de fora. Na casa que fica na esquina em frente (onde embaixo funciona um bar dos mesmos donos), existe uma imaculada parede branca onde antigamente filmes e jogos de futebol eram projetados, para o deleite de quem ocupava as mesas de calçada. Hoje, no mesmo espaço, é projetado o “cineboteco”, um canal de TV idealizado pelos donos da casa e de circuito espalhado por muitos bares da cidade. Lá é possível, inclusive, visualizar as charges do imortal “Tulípio”, personagem criado por meu amigo Eduardo Rodrigues, já famoso em vários lugares do Brasil. Bacana demais! Aldir Blanc e Jaguar são fãs. Precisa falar mais?

Para por fim ao palavrório, se Copacabana hoje sobrevive porque não presta atenção às sua impossibilidades, como disse L. F. Veríssimo, o Posto 6 sobrevive condignamente num oceano de botecos justamente por prestar muita atenção às suas possibilidades.

É só passar uma tarde lá para conferir!

Um comentário:

  1. Precisamos marcar pra ver um jogo do Palestra lá no telão. Quem sabe, o próximo, contra a Corinthians. Abs.

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