domingo, 24 de julho de 2011

Uma Tigresa de Unhas Negras - por Mario Mammana

Charles Edward Stuart (conhecido em Minas Gerais como Cárzeduardo) foi um zé ruela empertigadinho inglês que tentou usurpar a coroa britânica no século 18, sem conseguir, ficando alcunhado como “The Young Pretender”. Foi uma figura, digamos, historicamente desimportante. Mas sem saber ele deu nome a um bar em São Paulo que possui características únicas. É o “Bar Charles Edward” (Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 1426). Um barzão classudão e bonitaço na região nobre do Itaim Bibi, que está lá desde 1995.

A decoração é bem bacana e o bar tem vários ambientes com pouca luz (bom). Tem mais ou menos o mesmo espírito dos antigos bares Lei Seca em Santo Amaro, ou o Queen´s Legs e o Casablanca, na região dos jardins, que fizeram sucesso nos anos 70 e 80 (alguém além deste ancião lembra?).

O Charles Edward reivindica para si a primazia de ter inventado o “clube do whisky” e lá o referido clube tomou proporções mauricinhamente trágicas. Pode ser controlado pela internet por seus membros e quando você pede sua garrafa no bar ela vem automaticamente numa engenhoca mecânica, através de um arame pendurado acima da mesa. Convenhamos, isso é meio babaca! Mas tudo bem, tem lá o seu apelo junto aos aficcionados no nobre líquido escocês (dentre eles, este que vos escreve). O importante é que lá você não corre o risco de comprar um whisky destilado e engarrafado na periferia de Assunción!

Os comes parecem ser bacanas, embora eu nunca os tenha experimentado. Bolinhos de bacalhau ou de carne, canapés de tartar, carpaccio ou de rosbife, medalhão de filé ao gorgonzola, talharin ao Gaspar ou a marinara e a criativa lula fome zero.

Uma vez mais estamos tratando de um bar que não possui a culinária como atrativo principal mas sim como pano de fundo para outros brinquedinhos.

O primeiro brinquedinho é a música ao vivo, com características dançantes. Ótimas bandas de pop/rock dos anos 70, 80 e 90. O público adora! Eu mesmo já tive a oportunidade de presenciar excelentes músicos por lá. Apenas se lembre de recomendar enfaticamente o domingo à noite para aquele cunhado que está te devendo uma grana preta ou para aquele vizinho que insiste em ocupar a sua vaga de garagem. É dia do glorioso “sertanejo universitário”. Eu não sei o que é isso e tenho medo de perguntar, mas tenho certeza de que prefiro tratar um canal sem anestesia. Ou seja, não ouvi e não gostei!

O segundo brinquedinho, esse mais interessante, é o doce, idílico e universal esporte da paquera! Ahhhh...a paquera! Aquela atividade inocente que faz shiatsu em nossos egos e nos dá a impressão de que somos parecidos com o Brad Pitt ou a Cameron Diaz, quando na verdade tem sempre alguém rindo da gente!

No Charles Edward é possível observar a fauna dos “the little Maurícios” passeando suas plumas pelos salões enquanto as hordas de tigresas de unhas negras, com decotes de Larissa Riquelme, aguardam na relva alta, prontas para a caça e para o banquete de carnes tenras e alvas. Um ambiente hostil, uma verdadeira savana africana! Quando a temporada de caça abre o bicho pega! E é de se notar que uma boa parte das “tigresas”, digamos, já estão jogando no time das veteranas. Não que eu tenha algum preconceito. Nem poderia, sobretudo porque não sou nenhum debutante. É somente um alerta para que ninguém nunca cometa o desatino de perguntar a idade das moças, sob pena de ser tratado como os marines trataram Bin Laden. Além disso, vale sempre lembrar a lição do grande Oscar Wilde que dizia que “as pessoas mais interessantes são os homens que tem futuro e as mulheres que tem passado”!

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