
Daí nasceu a expressão “o pulo do gato”, para alertar de que nem tudo deve ser ensinado ao aprendiz, sob pena de amanhã ele pretender substituir o mestre. Também daí se originou a figura da “Dona Onça” e esta imensa e enfadonha introdução é justamente para falar do “Bar da Dona Onça” (Avenida Ipiranga, 200 – lojas 27/29) que, aliás, não tem esse nome por causa da fábula e sim em razão do apelido do marido da dona. Pois é, voltamos ao velho centro da cidade!
Quando projetou o Edifício Copan nos anos 50, Oscar Niemeyer certamente ainda não sabia que o seu prédio de conceito arquitetônico revolucionário, projetado para lembrar a bandeira paulista tremulando, iria abrigar no andar térreo um bar tão interessante. A começar da decoração, mezzo moderna / mezzo nostálgica, aproveitando as estruturas do sexagenário salão. A cozinha fica no mezanino e o vidro que a separa do resto do ambiente nos permite ver os artistas trabalhando. E dali saem maravilhas! Os petiscos são de matar de emoção! Filé a parmegiana aperitivo, sardinhas espalmadas (empanada só na farinha de trigo), o classicão coquetel de camarão, moelinhas de frango ao molho, lingüiças artesanais, almôndegas à moda antiga e uma “mini-rabada” que, para mim, é uma das coisas mais bem feitas e saborosas que já experimentei num bar.
Os pratos também são absolutamente originais e bem realizados. Leiam esse parágrafo com moderação e procurem não babar. Cazuela de frutos do mar à espanhola, Camarão com chuchu e farofa de ovos, arroz de suã (para quem não sabe, a coluna vertebral do porco, com pedaços do lombo), carne moída refogada com azeitona e ovo, frango com quiabo, porco à milanesa com purê de batatas e alho negro, dobradinha e língua de boi ao molho madeira, são apenas alguns exemplos do extenso e inusitado cardápio. A chef e proprietária do pedaço, Janaina Rueda, explica que começou a cozinhar para o marido, Jefferson Rueda (também chef e proprietário do ótimo restaurante Pomodori, no Itaim), para que este não precisasse cozinhar em casa, depois do trabalho. E gosta de cozinhar tudo na panela de pressão, o que parecia ser um crime culinário para mim. Ela provou que não é, mas o “pulo do gato” eu não sei. De quebra, o cardápio ainda tem ótimas sopas (a de cebola com músculo me parece uma ótima pedida) e as massas artesanais e excelentes do restaurante do maridão. É um templo de louvor à culinária simples e caseira, levado às últimas conseqüências.
Para fechar, o bar tem uma ótima carta de cervejas, com 26 rótulos e ótimas sobremesas. Nem precisava (ou melhor, precisava sim!). O grande pensador Voltaire dizia que “não há prazeres verdadeiros senão com necessidades verdadeiras”. Acreditem, depois da primeira visita que é um grande prazer aos sentidos, voltar ao Bar da Dona Onça se transforma em necessidade!!!
Sensacional essa dica hein Marião ...
ResponderExcluirO bar é sensacional mesmo Ildo! Abraço!
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