domingo, 28 de agosto de 2011

Ai meu São Xopotó! - por Mario Mammana

Alguém, em pleno gozo das funcionalidades mentais, já parou para se perguntar o que quer dizer Xopotó? Pode ser, alguns diriam, o som de um potro selvagem cavalgando sobre a pradaria verde. Xopotó, xopotó, xopotó....Pode ser ainda a designação carinhosa da cerinha da orelha do porco, ou o nome indígena para a região glútea das fêmeas (que xopotó tem a Potira hein?!). Não é nada disso. Xopotó é nome de um pequeno riacho das Minas Gerais, que o bairrismo e as reminiscências de infância de alguns fazem parecer um Danúbio. Ele nasce na vertente nordeste da Serra da Conceição, inserida nas grimpas da Mantiqueira, no município de Desterro do Melo. A partir da sua foz, essa é a mais alta e a mais distante das nascentes de todos os cursos d´água que formam a bacia do Rio Doce. Interessante.

Evidentemente (porque este é o nosso assunto), também é nome de um bar em São Paulo. O Xopotó, na Rua Dr. Fadlo Aidar, nº 136 (continuação da João Cachoeira, que termina bem em uma rua com nome de rio).

O fato é que até hoje não descobri se o Xopotó é bar ou restaurante, mesmo porque alguns estabelecimentos tem as características de ambos e se confundem. Não importa, vamos fingir que é bar!

A decoração é simples porém cuidadosa. É como se você estivesse numa casinha da praça da matriz, em São João Nepomuceno. Uma florida área externa ao fundo, com fUgão a lenha e tudo, é o melhor lugar da casa nos dias mais quentes.

A carta de cachaças, como não poderia deixar de ser numa casa mineira, é um trem doido sô! A maioria das caninhas é da região de Salinas, que está para a cachaça assim como a região de Bordeaux está para o vinho.

A comida então é boa dimais da conta. Costelinha suína com ora-pro-nóbis, tutu, angu e arroz, Galinhada mineira, Lombo com feijão tropeiro, couve e torresmo, Feijoada (todos os dias!) e os clássicos leitão a pururuca e galinha ao molho pardo, o prato que Bela Lugosi amava.

O Xopotó, para mim, tem um apelo sentimental porque foi lá onde conheci e conversei pela primeira vez com a mulher que se tornou minha patroa. Mas isso são intimidades e particularidades que não cabem aqui. O que importa é que é um lugar completamente diferente dos restaurantes mineiros da cidade, como o Consulado Mineiro por exemplo, que virou um hit há alguns anos sem tomar o cuidado de preservar a qualidade da cozinha, ou seja, no Xopotó a comida é bem feita e o acento mineiro, autentico.

Mas mesmo que você não seja muito chegado aos torresmos e costelinhas, o Xopotó ainda é um bom lugar para ir. Porque? Caus´que é um lugarzin bunitin, o povo é bem simpatiquin e tem uns trem bão prá bebe.

Quanto à simpatia, essa tem realmente de sobra. Se Otto Lara Resende de fato disse que o mineiro só é solidário no câncer, eu digo que o mineiro é solidário também à mesa do jantar, porque eu não conheço povo que empreste ao ato de se alimentar um sentimento tão maternal e aconchegante.

Tenho muitos e bons amigos mineiros e sei bem disso. Ô povo bão pra conversá! De mais a mais, se é para parafrasear alguém, prefiro o mineiro mais famoso de todos, Carlos Drummond de Andrade, que disse sobre Minas que “é o estado mais conservador da União, porém o que abriga o espírito mais livre”! E num é qui é messss....

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