domingo, 3 de abril de 2011

A Costa do Mosquito - por Mario Mammana

Para quem ligou a TV agora, eu não sou crítico de cinema! Não vou falar sobre o filme homônimo do Peter Weir. Por incrível que o título de hoje possa sugerir, vou falar de um bar, como aliás sempre faço aqui! Vocês imaginam o que vem? Pois é, vamos lá!

Esses serezinhos desagradáveis, que sugam o nosso sangue (estou falando de mosquitos e não de algumas ex-namoradas), que às vezes são inofensivos mas às vezes são aedes egypti, aparecem em profusão em certos lugares.

Geralmente nos mais inesperados e, pior, sem convite. Passemos à explicação do episódio:

Pelos idos do longínquo ano de 2003, lá na Rua Cotoxó, Vila Pompéia, começou a onda dos espetinhos num bar chamado “Casa do Espeto”. O grande atrativo da casa era o vasto quintal a céu aberto no fundo, com mesinhas debaixo de árvores vintenárias e, logicamente, a grande variedade de espetinhos, salgados e doces. Carne, frango, vegetais, camarão, picanha, lingüiça apimentada, uva, banana e abacaxi com chocolate, tudo o que fosse comível era trespassado pela varinha de madeira e levado à grelha. Uma espécie de “robata tupiniquim”. A cerveja era gelada, o serviço era marromenos e a música ao vivo uma verdadeira catástrofe tsunâmica, mas eu e a minha patroa, num exercício de altruísmo e masoquismo, gostávamos de lá e lá estivemos diversas vezes.

Qual não foi a minha estupefação ao saber que a casa gerou diversos filhotes e que um deles foi recentemente aberto bem pertinho de minha casa?! (Rua Mourato Coelho, 1.022). Pois no último domingo lá estivemos na hora do almoço, eu, patroa, patroinha e um casal de amigos, esperando o mesmo padrão mediano do estabelecimento mãe. A casa, para seguir a idéia da sede, é enorme e tem uma vasta área ao ar livre no fundo, onde não se pode fumar (e a lei, e a lei???). É tudo muito bonito e tem diversos telões onde se pode assistir aos jogos de futebol na amistosa companhia de corintianos e sãopaulinos, como aconteceu naquele dia. Até aí beleza (ou não, sei lá)!

A primeira má impressão veio do fato de que a casa estava quase vazia e eu deveria ter levado o meu desconfiômetro digital para saber que isso era um péssimo sinal!

Antes dos garçons perceberem que estávamos lá, o que levou uns 10 minutos, os mosquitos anfitriões se encarregaram de fazer a recepção. A minha canela se transformou rapidamente na refeição deles, ou no “espetinho” deles. Minha esposa teve que sair correndo até a farmácia mais próxima para comprar repelente e isso não é exagero!

Quando informamos ao garçon que os mosquitos estavam coletando vasto material para o banco de sangue deles, ele deu um sorriso febre - amarelo e disse: ´”é, aqui é assim mesmo”. Como assim mesmo?????? Uma horda de mosquitos famintos atacando à luz do dia em plena Vila Madalena???????? Um arrastão sanguinofágico????

Mas, absurdamente, o pior ainda não tinha chegado e chegou com os espetos frios, extremamente mal passados e sem graça. Bem diferentes dos espetos da casa original, eles passaram de “robata” a “roubada” num piscar dólhos. O atendimento então foi péssimo, do início ao fim. Já vi sargentos do Bope mais simpáticos e coveiros góticos mais animados do que os garçons de lá. Sem contar que deveriam distribuir uma vuvuzela na entrada do estabelecimento, para que os fregueses conseguissem chamar a atenção deles. Isso porque, apenas em tese, o sistema de serviço é em rodízio! Pode-se afirmar, sem medo de errar, que o melhor daquela aventura vespertina foi a cerveja morna! Mas talvez um dia eu volte lá, apenas para confirmar se o lugar continua sendo horrível, ou se já evoluiu para o nível péssimo!

Quem me lê habitualmente sabe que gosto de terminar meus textos aqui na coluna com frases bombásticas dos grandes mestres. Para não decepcionar ninguém, hoje só consigo lembrar do maravilhoso Mark Twain que dizia: “Em certas circunstâncias, um palavrão provoca um alívio inatingível até pela oração”!

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