domingo, 3 de julho de 2011

Eu fui .... e a Banda é otima, mas a casa ....

Semana passada eu disse que falaria sobre um show que vi em Paris, mas vou ter que adiar mais uma semana.

Fui ver um show, quinta-feira passada, dia 30/06/11, e tenho que compartinhar com vocês.

As pessoas que leem normalmente esse blog acham que eu gosto de meter o pau nos shows e nas casas de São Paulo. Não é verdade. Mas quando as coisas te afrontam e te desrespeitam, parece que as palavras vão surgindo mais facilmente.

Como já vinha anunciando desde 15/5 (e acho que fui o primeiro a anunciar isso, incluindo-se todas as mídias - internet, jornais, revistas, tv e etc.), a Gafieira Sarambá faria sua primeira apresentação no Studio Emme (r. pedroso de moraes, 1036 - pinheiros). Eu venho rasgando elogios a essa banda desde então.

Não me decepcionei. A união do Quinteto em Branco e Preto com os principais metais da Banda Mantiqueira, é de uma felicidade sem tamanho. Não poderia haver união melhor que essa. Nem se a vocalista fosse ruim, essa banda perderia o charme. E ela é boa. O nome dela é Carol Bezerra.

Claro que ela cometeu alguns deslizes vocais - o que é normal em uma primeira apresentação - que foram corrigidos muito habilmente, até mesmo por que sua presença de palco é impressionante e sua experiência como atriz lhe dá uma segurança que dificilmente encontramos por ai.

Se alguem da banda estiver lendo esse blog, por favor, corrijam uma falha que, no meu modo de ver, é criminosa para a música. É tão grave que acho que merecia um pedido de desculpas para o Germano Mathias e para o compositor da música "Falso Rebolado", Venâncio.

Existe uma estrofe que diz assim: "Já presenciei você fazer um teste / Nesse mesmo teste você não aprovou". Nesses 2 versos o autor quis dizer que ela não foi aprovada no teste, portanto, essa frase está errada gramaticalmente e a Carol Bezerra cantou assim: "Já presenciei você fazer um teste / Nesse mesmo teste você não foi aprovada".

Quem conhece o Germano Mathias sabe que ele tem todo aquele jeitão paulistano, lembrando o saudoso Adoniran Barbosa, com seus erros de português. Essa mudança que foi feita é como se tivessem pegado a frase "Tiro ao Alvaro" e mudado para "Tiro ao Alvo" ou o "Arnesto" virasse "Ernesto". Perde todo o sentido e mata a licença poética.

Nessa mesma música ainda tem uma estrofe inteira que diz: "É um pecado mortal / Você dizer que saiu de porta-bandeira / Em quatro escolas de samba / Favela, Portela, Império, Mangueira". Como ela não conhecia a escola de samba Favela, foi simplesmente mudado para Salgueiro. Pronto! Problema resolvido. Por favor, ponha a escola de samba original no seu devido lugar.

Se ela fosse filha do Collor ou do José Sarney - que gostam de esconder o passado - seria justificada a mudança da história da música, mas nesse caso não.

Por favor, volte a música ao original.

Eu sei que eu devia ser um dos poucos que estavam lá que conhecia essa música, mas todos tem direito de conhecer a música como ela é. A ditadura foi em outra época.

Inclusive, quem quiser conhecer o LP "Gilberto Gil & Germano Mathias - Antologia do Samba-Choro", vai ver que além dessa música existem outras muito boas também.

Não vão achando que por que eu falei dessa música, eu achei o show ruim, hein !! Eu A-DO-RE-I o show. E gostei da Carol Bezerra também. Foi um belissimo espetaculo.

Mas o Estúdio Emme não é o lugar indicado para esse show.

Os organizadores dessa casa não tem a menor ideia do que é uma gafieira. Nenhuma ideia.

Alguém, por favor, expliquem pra eles que gafieira não é balada. Que o principio básico de uma gafieira é o respeito às pessoas presentes e que o espaço da pista de dança é sagrado.

Quando eu e a Marcia (minha namorada) adentramos ao local do espetáculo já vi que não ia prestar. Não existia nenhuma mesa/cadeira para se sentar, a não ser que você pagasse mais 20,00 (além dos 40,00 já pagos na bilheteria).

Imagine aquele monte de mulheres que foram a uma gafieira para dançar e que estavam com seus saltos altos, tendo que ficar de pé esperando o show começar e não ter nenhum lugar nem para colocar a bolsa ou para descansar as pernas.

Enquanto isso, os convidados da produção - incluindo o maestro Julio Medaglia - iam se dirigindo aos camarotes reservado especialmente para eles.

Em um determinado momento, vi a grande cantora Nanana da Mangueira entrando na casa. Estranhamente, não foi em direção ao camarote. Ficou lá, ao nosso lado, com seu salto 12, de pé, esperando o show começar.

Depois de uns 30 minutos e muita gente de pé depois, entrou uma senhorinha de uns 80 e tra-la-la de anos e não era Vip. E agora ? Iam cobrar 20 contos da velhinha. Não. Eles foram buscar uma cadeira para ela sentar. Pra que !! Todo mundo queria uma cadeira. Até a gente conseguiu 2 cadeiras para a Marcia e um amigo sentarem.

Pronto! Estavamos mais ou menos colocados. Eu, preocupado com a Nanana, vi que ela estava sentadinha ao lado da amiga.

Não deu 5 minutos, a produção mandou tirar todas as cadeiras da frente do bar por que atrapalhava a venda de bebidas. Infelizmente, eu não consegui tirar foto, mas meus amigos estão de prova, eu vi a Nanana arrastando a sua cadeira no meio da pista de dança para poder ter o direito de ver o show a que ela pagou R$ 40,00 para assistir, sentada.

O Estudio Emme, em nenhum momento, anunciou que era R$ 40,00 de pé e R$ 60,00 sentado. Foi uma falta de respeito sem tamanho, principalmente, para uma GAFIEIRA.

Pessoal da produção do Estúdio Emme, por favor, entendam: GAFIEIRA NÃO É BALADA.

Não se pode usar a mesma formula para uma gafieira e para um bando de adolescentes que ficam jogando talco no chão pra ficar deslizando.

Quem paga para ir a uma gafieira tem o direito de sentar e ter a garantia de que pessoas não fiquem paradas no meio da pista, impedindo os clientes de dançar.

Nesse espetáculo, além de nada disso ser garantido, a pista estava cheio de garrafas de plástico e latinhas. Para onde você se virasse você chutava algum objeto.

Era a visão do inferno.

É por isso que eu digo que a excelente apresentação da Gafieira Sarambá não pode ser realizada no Estúdio Emme. A organização do evento não chega aos pés da qualidade musical apresentada.

Ou a organização do evento aprende a fazer alguma coisa respeitosa para as pessoas ou fique com as suas baladinhas adolescentes.

Para que o Estudio Emme não cometa mais faltas como essa, vou colocar uma série de vídeos para que eles possam conhecer quem é Nanana da Mangueira, e fiquem envergonhados de ter tratado todos nós dessa forma:






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